O ano de 2021 continuou marcado pela pandemia Covid19, iniciando sob o signo dos confinamentos, passando depois pela certificação das vacinas e evolução do processo de vacinação, com avanços significativos, mas com ritmos diferentes entre os países mais ricos e os países mais pobres, seguido de um relaxamento das medidas restritivas de combate à pandemia e finalizando sob a ameaça da variante Ômicron, identificada em novembro de 2021, e que fez temer pelo eventual regresso dos confinamentos e seu prolongamento pelo ano de 2022.

A nível económico, o World Economic Outlook (WEO), update de janeiro de 2022, publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), refere que a economia mundial terá crescido 5,9% em 2021, depois da quebra de 3,1% verificada em 2020, provocada pelos efeitos das medidas de combate à pandemia da Covid19, prevendo-se que, em 2022, o crescimento ronde os 4,4%. Contudo, as pressões inflacionistas provocadas pela rutura das cadeias de abastecimento e o desequilíbrio entre a oferta e a procura, bem como o aumento dos preços de alimentos e energia ainda em 2021, introduziram um elevado grau de incerteza sobre as previsões. Os níveis de incerteza agravaram-se substancialmente com a recente guerra provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, perspetivando-se um ano tão ou mais desafiante do que 2020 e 2021.

Em Cabo Verde a vacinação avançou a um bom ritmo em 2021, garantindo um processo gradual de desconfinamento e uma melhoria significativa da situação sanitária, embora com um retrocesso provocado pela progressão da variante Ômicron no final de 2021, seguida de uma recuperação no último mês do primeiro trimestre de 2022.

A nível económico, no Relatório de Política Monetária de outubro de 2021, o BCV apontava para um crescimento de 6,6% em 2021 e 5,6% em 2022, no cenário base. Contudo, na altura as projeções já estavam rodeadas de elevados níveis de incerteza e não consideravam os efeitos da guerra Rússia Ucrânia que viria a deflagrar em fevereiro de 2022.

Assim, contrariamente às expetativas existentes em 2021, o contexto continua ainda bastante adverso e com níveis de incerteza muito elevados, exigindo do BCA a manutenção de um grau de alerta elevado.

Foi neste contexto que o BCA desenvolveu a sua atividade em 2021 tendo, mais uma vez, ficado evidenciada a sua resiliência num contexto económico desfavorável e a capacidade de adaptação aos desafios que teve que enfrentar.

Os Resultados Líquidos registaram um decréscimo de 3,9%, relativamente a 2020, resultado, essencialmente do reforço de imparidades, devido à necessidade de precaver os impactos do vencimento das moratórias e o contexto de incerteza, relativamente ao ritmo de recuperação económica. Ainda assim, os RL de 2021, ficaram acima do Orçamentado em cerca de 90 mil contos.

No que respeita à sua atividade core, verificou-se uma melhoria dos indicadores mais relevantes, nomeadamente do Produto Bancário, que cresceu 9,4%, com a Margem Complementar a crescer quase 38%, incluindo o incremento das comissões líquidas em 12,3%.

A carteira de Crédito Normal cresceu pelo segundo ano consecutivo, aumentando 2,2% face a 2020, e o Crédito Vencido manteve-se estabilizado, com um crescimento marginal de 0,2%, mantendo-se a trajetória descendente do rácio NPL.

Os Recursos de Clientes cresceram 2,3%, reforçando a já favorável situação de liquidez do BCA e os seus Fundos Próprios, com o rácio de Solvabilidade a situar-se nos 26,6%, mais do dobro do limite regulamentar.

O ROE, calculado pelo quociente entre os Resultados Líquidos e os Capitais Próprios, diminuiu de 18,9% para 16,0%, devido à quebra de Resultados, mas também ao reforço dos Capitais Próprios.

A visão do BCA alicerçada na consolidação da liderança do mercado, no reconhecimento como a mais sólida e eficiente Instituição Bancária de Cabo Verde, comprometida com o desenvolvimento sustentável e com a construção de relacionamentos duradouros e de confiança com todos os seus stakeholders, continuaram a nortear o processo de reflexão estratégica do Banco, reajustando-se as orientações definidas anteriormente e vertendo a estratégia em 3 pilares:
 
Qualidade de serviço e extração de valor da base de clientes: com foco na melhoria da segmentação da base de clientes e no aumento da dinâmica comercial, apoiando-se na digitalização como meio de simplificação de processos e de incremento da capacidade de resposta aos clientes.
Eficiência operacional e rentabilidade: através de um modelo de acompanhamento da atividade comercial mais focado na definição de objetivos comerciais ambiciosos, tendo em vista garantir a sustentabilidade dos níveis de rentabilidade e também da simplificação de processos, bem como a racionalização de custos, para reforçar os níveis de eficiência, mantendo o esforço de contínua redução do risco operacional e diminuição das deficiências de Controlo Interno.
Desenvolvimento do capital Humano: promovendo a revisão dos instrumentos de gestão dos Recursos Humanos, melhorando a comunicação dirigida aos Colaboradores e reforçando a oferta formativa, para fortalecimento das competências dos colaboradores.
Para concluir, gostaria de agradecer a todos os stakeholders os contributos prestados para os resultados obtidos pelo BCA, nomeadamente os nossos Acionistas, Fornecedores, Consultores e Auditores.

Uma palavra especial para todos os nossos Clientes que nos honraram com a sua preferência, mesmo num contexto em que a qualidade de serviço foi posta à prova pelas condicionantes da pandemia. Iremos continuar a trabalhar no sentido de melhorar a vossa experiência e reforçar a nossa proposta de valor.

Por último, mas não menos importante, uma palavra para os nossos Colaboradores, cuja capacidade de adaptação e resiliência tem sido testada pela complexidade dos desafios enfrentados. A todos o nosso muito obrigado pela dedicação, profissionalismo, competência e engajamento com o BCA.

Estamos convictos de que com a contribuição de todos, iremos continuar a desenvolver e consolidar o nosso Banco como Instituição Financeira de referência em Cabo Verde.